quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Finalizando

Eu posso dizer que este semestre foi tão intenso e corrido quanto o anterior, a despeito do que pensei que seria, e posso dizer que aproveitei-o melhor, seja pela oportunidade de participar ativamente de um projeto associado às matérias que tive, seja pelas visitas de campo melhor estruturadas que fiz este semestre, as quais puderam me dar mais embasamento da realidade, porque pode ser clichê dizer, mas não adianta ser muito bom apenas com teorias e criações imaginárias da realidade. Enquanto não se vivencia fora da universidade o que se aprende, não se pode dizer de fato que se aprendeu alguma coisa. 


"Vai conhecer a vida lá fora, menina!"

Pude notificar efeitos da minha formação e atividades na faculdade em minha própria vida e na vida de meus familiares e entes queridos. Por causa da tutoria comecei a me responsabilizar pelas minhas escolhas alimentares e dos lugares onde compro alimentos. Por causa das discussões que levantei por causa de alimentação natural e saudável, consegui levar minha mãe a um acompanhamento nutricional para perder o peso e meu namorado à prática de natação aliada a alimentação mais saudável: os dois agora estão visivelmente mais magros, saudáveis e contentes, já que consegui resgatar em casa o hábito do comer junto, que trouxe benefícios emocionais à todos. Adquiri o hábito de promover piqueniques com amigos e colegas.


Piquenique por tudo:
este foi em comemoração ao fim do semestre/provas loucas/trabalhos intermináveis


Tão gostoso quanto comer junto é cozinhar junto.
Musse diet, sorridente e simpático, de limão siciliano
que fiz com meu namorado.


Eu fiz uma optativa este semestre, e só não comentei sobre ela aqui por que descobri que Controle Motor não terá utilidade nenhuma para minha atuação (já que não me atraio por nutrição esportiva). Fora a infeliz escolha, me agradei de todas as matérias e gostaria que houvesse mais matérias com aulas práticas/visitas de campo, na UNIFESP havia um eixo temático de aulas, chamado Trabalho em Saúde (TS), o qual levava os alunos à visitas de campo toda semana. Era pesado, mas dava uma estrutura sem igual na formação. Uma das minhas maiores frustrações do semestre é não ter tido aula de laboratório nem em Produção e Composição de Alimentos, nem em Bioquímica (neste caso, aula prática com experimentos in vitro, pois foram dadas aulas de multimídia em laboratório, mas não é disso que estou falando).

Senti o impacto de ser de uma grade nova, quando logo na primeira semana quase todos os professores das matérias da Cidade Universitária criticaram duramente a nova grade. Senti o apoio do corpo docente da FSP e do CAER na ajuda para debater e tentar resolver questões como essa. Senti-me empoderada e ativa nas questões da faculdade como nunca antes, nem na experiência da UNIFESP, e só consigo continuar ainda mais motivada para participar e ser protagonista da minha própria formação, pois sinto que tenho todo o suporte por parte da infraestrutura da faculdade, dos professores e de meus colegas e familiares.

Com tudo isso, permaneço Verônica, vulgo Magali, estudante apaixonada de Nutrição e com orgulho de ter largado meus projetos anteriores pra me graduar na FSP/USP.



segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Alimentação para além das necessidades básicas

Férias: finalmente vou poder estudar.


Sexy sem ser vulgar
Com a chegada do fim do semestre estou tratando de recuperar as leituras que mantenho por interesse/prazer/curiosidade, e estou tendo o deleite de ler um autor que me foi apresentado ainda na época em que fazia Nutrição na UNIFESP/Baixada Santista: Brillat-Savarin.

Em sua obra A Fisiologia do gosto, o clássico gastrônomo faz uma análise sobre a capacidade transcendental do ato de se alimentar de uma forma que só os antigos autores conseguem apresentar. Dentre as muitas desculpas de ser tagarela por ser um velho, o contemporâneo da Revolução Francesa dispara:

"Ao considerar o prazer da mesa sob todos os seus aspectos, notei bem cedo que havia nisso algo mais do que livros de cozinha, havendo muito a dizer sobre atividades tão essenciais, tão contínuas, e que influem de forma tão direta sobre a saúde, a felicidade e até sobre os negócios."

Em uma postagem anterior eu já havia falado sobre a relação que acredito que existe entre alimentação e cultura, e considero muito complementar a fala do caro autor francês à minha reflexão. Dado que a alimentação está carregada de rituais e significados, podendo-se atribuir inclusive valores a uma comida como comida-de-vó, que é aquela preparada lentamente, de modos tradicionais, e também as "porcarias", que seriam os alimentos industrializados de baixo valor nutricional, geralmente de baixo custo também, que horrorizam quase sempre as nossas avós haha. 

Senti a incorporação de valores (e de efeitos posteriores à alimentação) em minha própria vida neste ano. Eu resgatei o hábito de almoçar aos domingos com minha família depois que morei sozinha em Santos e senti o impacto violento de não ter com quem compartilhar meus feitos culinários. O mesmo prato que fazia lá ganhava muito mais gosto e conferia mais prazer quando eu o compartilhava com meus entes queridos, a mesma porção de alimento pareceu alimentar de uma forma muito mais ampla. O efeito em meu corpo foi de alguns quilos a mais, mas que são irrelevantes quando comparados ao ganho psicológico e emocional. Atualmente eu detesto sequer a ideia de almoçar no bandejão sozinha.

Comer é sempre muito bom, mas que benção é poder fazer isso acompanhado. Quanto mais se ganha com esse hábito, além de alguns nutrientes. Se todos recorrem à alimentação pelo menos pela questão de sobrevivência, então porque não adotar esta prática em conjunto?

Sem mais.