segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Alimentação para além das necessidades básicas

Férias: finalmente vou poder estudar.


Sexy sem ser vulgar
Com a chegada do fim do semestre estou tratando de recuperar as leituras que mantenho por interesse/prazer/curiosidade, e estou tendo o deleite de ler um autor que me foi apresentado ainda na época em que fazia Nutrição na UNIFESP/Baixada Santista: Brillat-Savarin.

Em sua obra A Fisiologia do gosto, o clássico gastrônomo faz uma análise sobre a capacidade transcendental do ato de se alimentar de uma forma que só os antigos autores conseguem apresentar. Dentre as muitas desculpas de ser tagarela por ser um velho, o contemporâneo da Revolução Francesa dispara:

"Ao considerar o prazer da mesa sob todos os seus aspectos, notei bem cedo que havia nisso algo mais do que livros de cozinha, havendo muito a dizer sobre atividades tão essenciais, tão contínuas, e que influem de forma tão direta sobre a saúde, a felicidade e até sobre os negócios."

Em uma postagem anterior eu já havia falado sobre a relação que acredito que existe entre alimentação e cultura, e considero muito complementar a fala do caro autor francês à minha reflexão. Dado que a alimentação está carregada de rituais e significados, podendo-se atribuir inclusive valores a uma comida como comida-de-vó, que é aquela preparada lentamente, de modos tradicionais, e também as "porcarias", que seriam os alimentos industrializados de baixo valor nutricional, geralmente de baixo custo também, que horrorizam quase sempre as nossas avós haha. 

Senti a incorporação de valores (e de efeitos posteriores à alimentação) em minha própria vida neste ano. Eu resgatei o hábito de almoçar aos domingos com minha família depois que morei sozinha em Santos e senti o impacto violento de não ter com quem compartilhar meus feitos culinários. O mesmo prato que fazia lá ganhava muito mais gosto e conferia mais prazer quando eu o compartilhava com meus entes queridos, a mesma porção de alimento pareceu alimentar de uma forma muito mais ampla. O efeito em meu corpo foi de alguns quilos a mais, mas que são irrelevantes quando comparados ao ganho psicológico e emocional. Atualmente eu detesto sequer a ideia de almoçar no bandejão sozinha.

Comer é sempre muito bom, mas que benção é poder fazer isso acompanhado. Quanto mais se ganha com esse hábito, além de alguns nutrientes. Se todos recorrem à alimentação pelo menos pela questão de sobrevivência, então porque não adotar esta prática em conjunto?

Sem mais.

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